Isabela Cristina Correia de Lima, mais conhecida como IZA, é um dos maiores nomes da música pop e R&B no Brasil. Nascida no Rio de Janeiro em 3 de setembro de 1990, IZA conquistou o público com sua voz potente e credibilidade artística. Com quatro indicações ao Grammy Latino, seu primeiro álbum, “Dona de Mim”, lançado em 2018, recebeu uma indicação ao Grammy Latino de Melhor Álbum Pop Contemporâneo em Língua Portuguesa.

Além de seu sucesso musical, IZA fez história ao estrear como jurada no “The Voice Brasil” (Rede Globo) em 2019 e foi anunciada como rainha de bateria da Imperatriz Leopoldinense. Sua trajetória é marcada pela luta contra o racismo, a superação pessoal e a dedicação à música desde jovem.

Em outubro de 2024, IZA deu à luz sua primeira filha, Nala, fruto de sua relação com o jogador de futebol Yuri Lima. A nova fase da vida da cantora não a impediu de continuar brilhando nos palcos e, recentemente, no carnaval de 2025, ela celebrou o momento com a frase: “A mãe tá on!”

 

Nesta entrevista exclusiva, IZA abre o coração sobre sua carreira, inspirações e os desafios que enfrentou ao longo do caminho, além de nos contar sobre seus planos futuros. Prepare-se para conhecer mais sobre a vida e os pensamentos da artista que continua a encantar e inspirar com sua arte e atitude.

Expressão: Recentemente você lançou a música ‘Como posso amar assim?’, para sua filha. Como foi a experiência de criar uma música em homenagem à Nala? O que essa música representa para você?
IZA.: Foi uma coisa incrível poder criar uma música pra ela. Foi um presente para ela e para todos os meus fãs. Eles queriam ver o rostinho dela e encontrei essa maneira especial de fazer isso. Durante o clipe, ela foi maravilhosa também e ficou do jeitinho que eu queria. Foi uma experiência inesquecível, com certeza.

Exp.: Em parceria com a Send Into Space, uma empresa que permite enviar mensagens, fotos ou vídeos ao espaço, você enviou um vídeo direcionado à sua filha, Nala. Como surgiu essa ideia e qual foi a principal mensagem que você quis transmitir a ela?
IZA.: Essa ação foi mais uma forma de comemorar a chegada da Nala. Foi uma forma de expressar meu amor por ela, de mostrar que meu amor é tão grande que o infinito seria pouco para nós.

Exp.: Como você concilia sua vida profissional agitada com a rotina da maternidade?
IZA.: A prioridade é sempre ela, mas eu me sinto muito inspirada desde o nascimento da Nala. O importante é nós duas estarmos bem e eu me divertir. Dá um frio na barriga voltar porque eu amo muito o que eu faço.

Exp.: Seu primeiro single promocional, “Quem Sabe Sou Eu”, fez parte da trilha sonora da novela Rock Story (Globo). Como foi a sensação de ter sua música na TV logo no início da carreira?
IZA.: Foi muito especial e muito gratificante naquele momento ver a minha voz na trilha sonora de uma novela. Sou muito grata.

Exp.: Você dublou a personagem Nala na versão brasileira do remake de “O Rei Leão” e gravou a canção “Nesta Noite o Amor Chegou” com Ícaro Silva. Como foi a experiência de dublar um personagem tão icônico e gravar essa canção para um filme tão importante?
IZA.: Quando eu recebi o convite, em 2019, foi um sonho realizado porque a Nala era meu personagem favorito. O Rei Leão é um filme que me marcou muito, foi o primeiro que vi no cinema e quando eu soube que ia dublar a Nala e participar daquela versão fiquei muito emocionada. E fora que a versão americana foi da Beyoncè, né? Então foi mais emocionante ainda.

Exp.: Retornando um pouco ao ano de 2017, quando começou a gravar seu álbum de estreia, que inclui o hit “Pesadão” com Marcelo Falcão, conte-nos como foi o processo de criação desse álbum?
IZA.: Eu estava com uma expectativa muito grande para lançar o álbum “Dona de Mim”. Trabalhamos nele por cerca de um ano e meio e ele é o retrato de muita dedicação, muita pesquisa e entrega. Estava ansiosa para saber o que o público ia achar e fiquei muito feliz com o resultado.
Foi um presente pra mim poder criar com tantas pessoas talentosas, trocar ideias e energia com cada um. Na época, eu queria muito falar sobre black music naquele disco. E ele, apesar de ser muito diverso, ainda é black music. Eu sabia que queria colocar no álbum tudo o que eu mais gosto de cantar.

Exp.: A música “Dona de Mim”, um marco em sua carreira, traz uma mensagem forte de empoderamento feminino. Como você vê seu papel como uma voz para as mulheres, na música brasileira?
IZA.: Todas as mulheres fortes da minha família foram inspirações tanto para esse single quanto para minha carreira. Minha mãe, principalmente, me ensinou a ser quem eu sou, a falar o que precisa ser dito e confiar em mim mesma. E é isso que eu procuro passar sempre com as minhas músicas, os meus discursos.
Eu senti falta de me sentir representada quando era mais nova. E quando as pessoas me procuram para dizer que se inspiram em mim, isso é um combustível muito forte e potente. Só me estimula a continuar seguindo meu caminho. Eu sempre digo que a gente só tem noção do papel que exerce na vida das pessoas quando elas retornam as vivências delas com a nossa música ou as experiências que tiveram nos vendo na TV. E é especial e importante demais saber que algumas pessoas me têm como representante.

Exp.: Você gravou um dueto com Alcione para o Rock in Rio, interpretando “Chain of Fools” de Aretha Franklin. Como foi cantar ao lado de uma lenda da música brasileira como Alcione e participar de um evento tão importante como o Rock in Rio?
IZA.: Eu não sei nem como descrever esse momento na minha carreira. Em 2015, eu estava na plateia do Rock in Rio, e durante o show do Sam Smith, eu ajoelhei no chão e pedi para um dia estar naquele palco, para poder emocionar as pessoas como eu estava emocionada naquele momento. E logo depois desse show eu deixei minha carreira de lado para investir na música. E para minha surpresa, em 2017, o Zé Ricardo me convidou para participar do show do CeeLo Green. Foi inacreditável e mudou minha carreira.
E para completar ainda mais minha felicidade, em 2019, Alcione esteve ao meu lado, cantando comigo. Foi uma emoção indescritível porque eu a admiro demais, ela é uma inspiração para mim e para a minha carreira.

Exp.: A música “Gueto”, lançada em 2021, exalta a cultura da periferia e é o carro-chefe do seu segundo álbum de estúdio. Pode nos contar mais sobre a inspiração por trás dessa música e do videoclipe que faz referência ao seu bairro de origem, Olaria?
IZA.: “Gueto” foi feita para mostrar o orgulho que eu tenho de tudo o que eu conquistei e de onde eu vim. Foi feita para celebrar tudo o que vinha acontecendo na minha carreira e na minha vida. Não tem como eu falar para onde estou indo, se eu não souber – e mostrar – de onde eu vim. Queria inspirar as pessoas a terem orgulho de onde vieram também, de suas origens, de quem são e se sentissem representadas.

 

Exp.: Você foi técnica do The Voice Brasil (Rede Globo), substituindo Carlinhos Brown. Como foi essa experiência e o que você aprendeu de mais valioso com ela?
IZA.: Foi muito importante pra mim, mais um divisor de águas na minha carreira porque era um programa que falava com uma quantidade absurda de pessoas pelo país todo. Era uma forma muito linda de se comunicar com o público, falando de música. Me senti muito privilegiada em fazer parte e aprender também com tanta gente.

Exp.: Em 2019, você foi anunciada como rainha da bateria da Imperatriz Leopoldinense para o carnaval de 2020. Como foi essa experiência de desfilar como rainha da bateria da escola da sua região natal?
IZA.: Foi uma honra ocupar o posto de rainha de bateria da Imperatriz, uma escola que tem muita relação com a minha história.

Exp.: No ano de 2020, você entrou na lista dos 100 negros mais influentes do mundo na categoria de mídia e cultura, uma condecoração reconhecida pela ONU. Como você se sente em relação a essa conquista e o que isso significa para você?
IZA.: Me sinto muito lisonjeada e fico muito feliz. Eu sempre falo do poder do microfone, do poder da nossa imagem para influenciar e representar tanta gente.

Exp.: Aliás, um ano depois, em 2021, foi eleita a celebridade mais influente do Brasil pela Ipsos. Como você encara essa responsabilidade?
IZA.: Com muita responsabilidade mesmo. Como eu disse, eu sentia falta, quando pequena, de me sentir representada na TV, nas propagandas, na mídia em geral. A responsabilidade social disso é muito importante. Porque, apesar de eu me sentir muito feliz nesse lugar, ver que muitas meninas mais novas me enxergam como uma referência, é uma coisa que não tem preço.

Exp.: No Dia da Consciência Negra também recebeu uma homenagem da Mattel com uma versão sua exclusiva da Barbie. Como foi essa experiência e qual é a importância de projetos como “Mulheres Inspiradoras” para você?
IZA.: Ser homenageada com uma Barbie foi surreal. É um brinquedo que foi sonho de consumo para muitas crianças na minha época. Era meu brinquedo favorito e que eu sempre queria ganhar. Amava as roupas, os acessórios e sempre quis ter uma Barbie parecida comigo. Fiquei muito feliz com esse presente, significou muito pra mim.

Exp.: Em 2023, você fez seu primeiro trabalho como atriz em “Um Ano Inesquecível – Outono”. Como foi essa experiência e no que você mais se identificou ao interpretar a personagem Patti?
IZA.: O Lázaro já tinha conversado comigo sobre atuar há algum tempo e já tinha feito um convite antes, mas dessa vez, nesse filme, eu me senti mais preparada. Não tinha como negar mais um convite dele porque uma oportunidade assim não bate na nossa porta duas vezes. E eu fiquei muito feliz com o resultado, me diverti demais em todo o processo e gostei de me aventurar na atuação. Foi muito desafiador lidar com o canto, a dança e a atuação juntos. E me deu vontade de me aprofundar mais, estudar, fazer mais coisas.

Exp.: Como você mantém sua saúde e bem-estar físico e mental, especialmente considerando a intensidade dos shows e turnês?
IZA.: Eu procuro me exercitar na medida do possível, fazer musculação, apesar da correria. Beber bastante água, me alimentar bem, de um jeito balanceado. É tudo pensado para eu dormir melhor, cantar melhor, viajar melhor.

Exp.: Além da música e da atuação, há outras áreas que você gostaria de explorar ou aprender mais?
IZA.: Eu gosto sempre de aprender coisas novas, ter oportunidades na carreira que me tragam novas experiências. Assim foi apresentando o Música Boa, assim foi como jurada do The Voice, interpretando e até cantando também. Sou formada em comunicação e tudo o que estiver relacionado a isso, me interessa e me estimula.

Exp.: Quais são seus planos futuros para sua carreira? Pode nos dar uma dica do que podemos esperar?
IZA.: Tenho muitos planos pra minha carreira musical. Esse ano, com certeza será um ano muito especial nesse sentido. A Nala me deixou mais criativa ainda, com muita vontade de criar e, em breve, vem coisa nova por aí.