Aos 45 anos, sendo 30 deles dedicados à TV, a atriz Flávia Alessandra revela ter uma satisfação especial em poder contar boas histórias. É com este talento irrefutável que a bela soma muitas protagonistas em seu currículo, a mais recente delas foi a misteriosa Helena, em Salve-se Quem Puder (Globo).
Todo esse sucesso atual é fruto de uma trajetória de persistência, a carioca participou aos 15 anos de idade do concurso “Melhor de Três”, realizado no programa Domingão do Faustão (Rede Globo) e saiu vitoriosa da competição que garantia uma participação na novela Top Model (1989), deixando Adriana Esteves e Gabriela Duarte, em 2° e 3° lugar. “Eu gosto de desafios, sempre. É isso o que me move. Pode ser a mocinha ou a vilã, não fico muito ligada nisso não.
Gosto de ver quais são os dilemas, quais as questões da personagem”, declara Flávia e ao olharmos a sua trajetória isso se comprova.
Além de dar vida a imortais mocinhas e vilãs, como a Dafne de Caras & Bocas (Rede Globo) e a maquiavélica e inesquecível Cristina, em Alma Gêmea (Rede Globo), a atriz já passou por folhetins infanto-juvenis como o “O Beijo do Vampiro” e realismo fantástico em “O sétimo Guardião” (ambas na Globo), no qual interpretava as protagonistas Lívia Marques e a divertida Rita de Cassia, respectivamente. A carioca de Cabo Frio chegou a interpretar até um robô, na novela Morde & Assopra.
O sucesso na carreira se estende para a vida pessoal, Flávia é mãe de duas meninas lindas, Giullia (20) e Olívia (09) e mantém um casamento duradouro com o apresentador Otaviano Costa.
A atriz também compartilha a sua rotina saudável no Instagram, com os mais de nove milhões de seguidores. Confira o que a musa disse à Expressão.
Expressão: Atualmente vive a personagem Helena, na novela “Salve-se quem Puder” (Rede Globo). Apesar de ser extremamente bem-sucedida na trama, ela escondia um passado misterioso que rondou todo arco da personagem. Como foi fazer esse papel?
Flávia Alessandra: Eu quase não aceitei fazer a Helena justamente por não saber nada desse passado dela. Ao mesmo tempo, criar uma composição com essa lacuna na história é muito interessante. Nunca tinha interpretado uma personagem assim, que eu de fato, não soubesse o segredo dela. E foi muito prazeroso no set. Ela foi personagem cheia de nuances, misteriosa… Eu gostei muito desse trabalho, do texto do Daniel Ortiz.
Expr.: A relação mãe e filha apresentada na novela é muito importante para o roteiro. Você como mãe de duas meninas Giulia (20) e Olívia (09) teve dificuldades em interpretar uma personagem que na trama abandona sua filha?
F.A: Além de ter duas filhas, tenho total conhecimento dessa relação mãe e filha, eu já fui mãe da Ju (Juliana Paiva) em outra trama.
Ela já é minha filhota e amo contracenar com ela. O diferente é que Helena não sabe quem é essa menina que está tão próxima dela. Como mãe, eu não consigo imaginar essa situação. Minhas filhas são o meu bem mais precioso.
Expr.: Começou a carreira cedo, aos 15 anos teve sua estreia na novela Top Model (Rede Globo) e a partir daí emendou um trabalho atrás do outro. Um icônico foi a vilã Cristina, de “Alma Gêmea”. Ainda é lembrada por este papel?
F.A: Sim, sou lembrada. E tenho o maior orgulho desse trabalho. Foi uma personagem que eu considero um divisor de águas na minha carreira. Ela chegou num momento muito importante e definitivo.
E eu sou grata demais ao Walcyr Carrasco e ao meu eterno amigo Jorge Fernando (diretor, falecido em outubro de 2019) por ter me confiado a Cristina.
Expr.: Durante sua carreira transitou entre papéis de mocinhas, como Lívia, em Porto dos Milagres, Dafne em Caras & Bocas e entre vilãs, como a Sandra, em “Êta Mundo Bom” (Rede Globo). Quais desses estereótipos tem mais prazer em fazer?
F.A: Eu gosto de desafios, sempre. É isso o que me move. Pode ser a mocinha ou a vilã, não fico muito ligada nisso não. Gosto de ver quais são os dilemas, quais as questões da personagem. É isso que define se um papel é rico ou não.
Tenho sorte de ter tido bons papéis no meu caminho. Apesar de pensar assim, acho que eu agora toparia fazer uma vilã de novela das 21h daquelas bem ruins (gargalhadas).
Expr.: Outro grande destaque durante a sua trajetória é a presença de um lado cômico cada vez mais aflorado. Como na novela “O Sétimo Guardião” (Rede Globo) onde deu vida a personagem Rita de Cássia que junto com seu marido, o delegado Machado interpretado pelo Milhem Cortaz, foram muito aclamados pelo público. Gosta de poder dar vida a esse tipo de personagem?
F.A: Eu gosto de me sentir motivada por um trabalho. É isso o que me faz acordar e querer estar ali contando a história. A minha grande recompensa dessa novela foi dividir a cena com o Milhem, que é um ator que eu admiro demais e que tenho um carinho enorme.
Expr.: Durante sua careira já participou também de alguns longas como “Polícia Federal: A Lei É para Todos” (2017) e “O Amor dá Trabalho”(2018). Quais as principais diferenças e desafios que encontra na sétima arte?
F.A: O tempo do cinema é diferente de fazer uma novela. E eu amo também fazer cinema. Quero ter mais e mais oportunidades na telona.
Atualmente não vivemos um momento tão frutífero para a nossa cultura, então fazer cinema é ainda mais difícil. Mas tenho esperança de que dias melhores virão.
Expr.: Sua filha mais velha participou da 23ª temporada da novela Malhação. A incentivava a ser atriz?
F.A: Não, eu sempre a deixei bem livre para escolher. Assim como eu faço com a Olívia. Mas é uma casa onde elas têm essa informação da minha profissão e do Otaviano.
Arte sempre fez parte do nosso cotidiano. O que eu quero é que elas sejam felizes na profissão assim como eu sou na minha.
Giullia segue apaixonada por arte. Ela está estudando cinema na faculdade, abrindo os caminhos e se aperfeiçoando.
Expr.: Casada há mais de dez anos com o apresentador Otaviano Costa, qual o segredo para uma relação douradora?
F.A: Estamos casados há 14 anos. Não existe segredo. Existe é admiração, companheirismo, compreensão e paixão.
Isso faz a gente permanecer juntos. Eu sou mais feliz com ele ao meu lado. Temos uma conexão que é muito gostosa. Gostamos de estar juntos, de dividirmos a vida.
Expr.: Muitos não sabem, mas é formada em direito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. O curso agregou de alguma forma à sua trajetória de vida?
F.A: Sim, eu sou formada em direito. Em um determinado momento eu quis estudar, fazer faculdade, como um plano B.
Ainda não estava estabilizada na profissão de atriz, então eu quis mesmo estudar. Acho que toda formação, tudo o que você estuda contribui para a nossa vida.
Entender as leis, entender os meus direitos foi um processo muito interessante e abriu a minha mente. Eu amo estudar, conhecer coisas novas. Tenho essa curiosidade até hoje sobre assuntos que não domino.
Expr.: Com seus 45 anos exibe um corpo de dar inveja. Quais são seus principais cuidados? Como enxerga a relação da beleza com o amadurecimento da mulher?
F.A: Eu tenho uma alimentação saudável, faço exercícios. Mas esses são os cuidados de uma vida inteira. Mas estamos vivendo um novo momento hoje. Não dá para exaltar um tipo só de corpo, não dá mais para associarmos a mulher apenas ao seu corpo. Precisamos mudar esse pensamento. Eu faço exercícios porque eu gosto, é algo que me dá prazer. Mas é isso. Beleza está em outro lugar, tenho pensado cada vez mais sobre isso, tem a ver com aceitação, com se sentir bem como se é, sabe?! Todas nós, eu acredito, teremos uma coisinha e outra que não curtimos, mas temos que nos gostar. Beleza está nesse lugar para mim.