Rahiem Johnson é um empresário do ramo de turismo, viaja o mundo todo, possui sua própria agência de viagens, é nascido e criado na Philadelphia, Estados Unidos, e ama o Brasil a ponto de visitar nosso país cinco vezes durante a pandemia.
Mas nem sempre foi assim. O criador e CEO da agência “Tray Table Seat Back” (frase que remete às instruções da tripulação ao levantar vôo) cresceu numa comunidade pobre, ouvindo que os negros não poderiam sonhar em conhecer o mundo e deveria ser feliz em poder visitar o mar uma ou duas vezes ao ano em Virgini Beach, um local de turismo mais próximo de onde Rahiem cresceu e passou a infância.
“Na adolescência meu desejo em viajar e conhecer novas culturas já era algo muito forte e eu estava determinado a fazer disso minha vida”, lembra.
Então, aos 19 anos, o garoto negro e gay da Pensilvânia tomou um avião pela primeira vez rumo a Los Angeles. De lá tcá, tudo é história! Filho de mãe solteira e com mais 3 irmãos, os anos que se seguiram foi de muito trabalho, estudos, descobertas e o sucesso a alcançou.
“Passei a fazer uma viagem internacional por ano. E sempre incentivando amigos, negros, dizendo que era possível e que, viajar, conhecer culturas e pessoas diferentes, nos elevaria a um novo patamar”, lembra Rahiem. Hoje a “Tray Table Seat Back” é uma agência consolidada no mercado americano, com uma grande força na comunidade das pessoas negras e gays – porém não é regra – e a maior satisfação de Rahiem é, por exemplo, o que está ocorrendo neste momento: “Fechei 20 lugares para viagem ao Brasil, em fevereiro de 2022. 12 já estão vendidos!”, conta ele com a felicidade de quem poderá acompanhar seus viajantes nos lugares que o marcaram nas vezes em que aqui esteve.
A viagem ao Brasil acontece de 22 a 28 de Fevereiro de 2022 saindo de Nova Iorque para o Rio de Janeiro e inclui entre tantos passeios, visitas ao Pão de Açucar e ao Cristo Redentor.
Em São Paulo Rahiem deseja realizar uma pesquisa sobre um próximo passo: estabelecer uma sede da “Tray Table Back Seat” na capital paulistana.
As notícias pejorativas sobre as comunidades negras no Brasil que chegam aos noticiários dos Estados Unidos só se tornaram reais quando ele mesmo, acompanhado de amigos, visitou favelas em São Paulo e no Rio de Janeiro.
“As favelas são algo surreal, como vocês dizem. Numa das vezes em que estive no Rio de Janeiro, visitei a Rocinha e fiquei chocado. Crianças brincando felizes, mulheres trabalhando em artesanatos, se virando com o pouco, mas vi muita gente bonita, no sentido de serem do “bem”. As pessoas nos Brasil têm uma cultura de resiliência. Aqui nos Estados Unidos sonhar é proibido para quem vive, vamos dizer, fora dos padrões estabelecidos pela sociedade”, compara Rahiem.
Como editor e diretor de arte da Obvious Magazine, publicação americana de lifestykle, fashion, gastronomia e notícias sobre a comunidade LGBTQIA+ e negros, ele conta: “Me impressionou demais a riqueza da moda, de comida, pessoas super exóticas, raças misturadas, algo lindo de se ver. Sai da minha zona de conforto e repensei muito a sociedade negra e LGBTQIA+ comparando de onde vim com o Brasil. Claro que sei que existem problemas, afinal nenhum lugar e nada é perfeito, mas eu me surpreendi positivamente”, afirma Rahiem.
“A OBVIOUS é uma publicação muito importante, trata do lifestyle e da cultura da comunidade negra e gay que agrega demais as artes em geral. Realizo ensaios em todas as partes do mundo, editoriais de moda. Amo a arte”, conta relembrando a compra de tecidos com estampas brasileiras para realização de editorial de moda para sua revista.
Além de seguir viajando e concretizando seus planos, Rahiem Johnson pretende escrever um livro contando sua história. Uma coleção de peças inspiradas no Brasil também está em seus planos.
O menino sonhador da Pensilvânia, hoje é prova de que sonhar é necessário.