BRASIL PRECISA AVANÇAR NO VOLUNTARIADO DA DOAÇÃO DE SANGUE, DIZ DIRETOR DO HEMOCENTRO SÃO LUCAS

Crença em mitos acerca da segurança dos processos de coleta e transfusão limita adesões

“Doar sangue é um gesto anônimo de doação de amor que precisa ser estimulado em nossa sociedade”, diz Pereira.

Junho 2022 – No Dia Mundial do Doador de Sangue, 14 de junho, o alerta é para um Brasil mais voluntário, segundo o hematologista e diretor do Hemocentro São Lucas (HSL), Dr. Ricardo Pereira. “O Brasil ainda é um país de doadores essencialmente recrutados por campanhas de mobilização coletiva ou que atendem a pedidos de reposição dirigida de sangue, realizados por correntes de amigos e familiares”, informa o médico.

Criado há quase 50 anos pelo médico Dr. Adelson Alves, o HSL atua com unidades nas capitais de São Paulo, Rio de Janeiro e no Distrito Federal, além de unidades na Grande São Paulo (São Bernardo do Campo e Guarulhos) e atende a hospitais particulares e do Sistema Único de Saúde (SUS).

De acordo com Pereira, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda volume regular de voluntários entre 2,5% e 3% da população. O Brasil tem histórico estacionado na casa do 1,7%. Dentre os motivos da falta de maior adesão à doação espontânea de sangue estão os mitos em torno do tema.

“Nossa sociedade ainda recente de crenças limitantes ligadas a um passado distante sobre a segurança no trato da hemoterapia. Hoje, trabalhamos com risco próximo ao zero para a contaminação tanto no momento da captação como na transfusão, pois os processos evoluíram junto com tecnologias mais avançadas e as equipes que estão à frente dessas operações são especializadas”, afirma o médico.

O HSL coleta em torno de cinco mil bolsas de sangue por mês, volume que Pereira diz ter sido suficiente para atender a demanda das 60 unidades entre hospitais e clínicas atendidas. Porém, há momento de queda sazonal que faz o estoque cair em até 20%, colocando em risco a saúde de pacientes.

O perfil prioritário de quem necessita de transfusão de sangue inclui pessoas que passam por transplante de órgãos, cirurgias cardíacas e de igual ou maior grau de complexidade, vítimas de acidentes graves, pacientes oncológicos e complicações obstétricas. “Doar sangue é um gesto anônimo de doação de amor que precisa ser estimulado em nossa sociedade”, diz Pereira.