Quando o assunto é a caça as bactérias – basta chamar aquele que comemora 40 anos de combate aos invisíveis microorganismos: Dr. Roberto Martins Figueiredo, conhecido como Dr. Bactéria. O biomédico alçou fama ao participar do quadro “Tá Limpo”, no Fantástico (Globo). Na série, falava dos perigos microscópicos que se escondem no cotidiano, esclarecendo dúvidas sobre contaminação de alimentos, higiene, saúde pública e temas relacionados. Especializado em Saúde Pública, em marketing pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e em Engenharia da Qualidade pela Universidade de São Paulo (USP), Dr. Bactéria é incansável no propósito de alertar as pessoas para que cuidem da saúde chamando a atenção sobre os perigos dos microorganismos que, invisíveis aos olhos, causam males e doenças, podendo matar. Atualmente é contratado pelo departamento de jornalismo da TV Record e Consultor da Rádio Jovem Pan. Em tempos de pandemia, como a que vivemos com o Covid-19, o especialista tem muitas dicas a compartilhar: confira!
Expressão: De onde surgiu o desejo em trabalhar no combate as bactérias?
Dr. Bactéria: Me encantei por microorganismos ainda garoto, porque não largava um microscópio que ganhei de presente aos 15 anos.
Expr.: Em tempos de Coronavírus devemos modificar a forma de higienização da casa?
Dr. Bactéria: Utilize uma solução de duas colheres de sopa por litro de água para limpar o piso, azulejos, peças sanitárias, maçaneta de portas etc. Em pisos laminados testar antes em pequena parte da superfície para verificar se não danifica. Outra opção em época de Coronavirus seria utilizar 10 gotas de detergente e mais uma colher de sopa de bicarbonato de sódio em um litro de água. Vinagre não é indicado nesse caso, porque ele não tem ação de detergência e o coronavirus é “uma bolinha de gordura”, então tudo que tiver ação sobre gordura age sobre ele. O álcool dentro de casa não deve ser utilizado por ser inflamável, e termos essas outras opções. O vírus resiste apenas um minuto ao contato com a solução de água sanitária. Em caso de algum morador da casa já ter sido infectado pelo vírus, os cuidados são um pouco mais específicos. Utilize avental descartável, máscara, protetor de cabelos e pés, e luvas para efetuar a limpeza.
Expr.: Existe forma correta para limpar os celulares e smartphones?
Dr. Bactéria: O celular pode ser um vetor para qualquer tipo de organismo. Em época de coronavirus higienizá-los pelo menos uma vez ao dia. No entanto, evite álcool em gel ou álcool 70 para realizar o procedimento pois estes produtos contém uma grande quantidade de água que pode acabar oxidando o aparelho. O ideal é usar o álcool isopropílico que se encontra em lojas que vendem materiais eletrônicos ou pela internet. Também podem ser utilizados lencinhos para higienização de mãos que vendem em farmácias ou ainda lencinhos usados para higienização de bebês.
Expr.: E por falar nisso álcool 70% higieniza melhor que o álcool 91%?
Dr. Bactéria: Isso não é verdade. Na verdade, o álcool acima de 70% possui o mesmo grau de desinfecção. Portanto, para a limpeza de itens em casa, escolha as opções a partir de 70%. Não usar álcool absoluto que não tem ação.
Expr.: Pode entrar de sapatos em casa?
Dr. Bactéria: Na rua você pisa em todo tipo de material: cuspe, insetos, poeira, animais. Por isso, o indicado utilizar um capacho de vinil embebido com uma solução de 3 colheres de água sanitária em 1 litro de água e ao lado um pano de chão limpo. A pessoa ao chegar pisa sobre o capacho, esfrega a sola do sapato e enxuga no pano. Ao entrar, pela porta tirar o sapato, deixar na porta e ir direto lavar as mãos e, na sequencia, tomar banho e trocar de roupa.
Expr.: Foi Publicado na revista científica New England Journal of Medicine, um estudo que analisou a resistência do Coronavírus em diferentes superfícies. Uma delas foi o papelão, onde o Covid-19 resiste por até 24 horas. O plástico também foi analisado na pesquisa e nele o vírus pôde ficar por três dias. Diante do estudo como fica a questão dos materiais utilizados como embalagens de alimentos entregues por delivery?
Dr. Bactéria: Basta higienizar as embalagens recebidas: misture um litro de água com duas colheres de sopa de água sanitária. Molhe um paninho, torça e passe na embalagem.
Expr.: As crianças menores de 2 anos devem usar as máscaras?
Dr. Bactéria: Não. Crianças menores de 2 anos e pessoas com deficiência motora de mãos e braços, porque há o risco severo de sufocamento. Crianças inclusive, dificilmente vão ficar quietas com máscara, vão ficar tentando tirar e colocando a mão no rosto mais vezes, o que é contraindicado, por aumentar as chances de contágio. A melhor saída é o isolamento social; higiene frequente dos pequenos, dos objetos que usam e de seus brinquedos; cuidado redobrado de higiene de quem fica com eles; uso de máscaras por seus pais e cuidadores, principalmente se apresentarem sintomas respiratórios e não puderem se afastar das crianças.
Expr.: Existe um tecido específico para a máscara caseira?
Dr. Bactéria: A função da máscara caseira não é proteger você, mas, sim, proteger os outros. Proteger as pessoas daquelas gotículas de saliva, quando a pessoa fala. A finalidade da máscara não é segurar espirro, pois para essa finalidade usamos a parte interna do cotovelo. Já se pessoa estiver com muita tosse, ela não deve nem sair de casa e ficar isolada. Não há indicação específica de tecido para confeccionar uma máscara em casa, pode ser TNT, algodão, um resto de uma camisa ou calça. Lembrando que devem ser laváveis.
Expr.: Máscara caseira tem prazo de validade?
Dr. Bactéria: Se a pessoa estiver suando muito ao realizar um trabalho que tenha que andar no sol, que fique cansada ou ofegante, deve usar por menos tempo, até uma hora. Por outro lado, se estiver em um escritório com ar-condicionado e sem muito desgaste, poderá usar por até três ou quatro horas. A máscara não pode ficar molhada, precisa ser trocada.
Expr.: Como devemos lavar a máscara caseira?
Dr. Bactéria: As máscaras de pano podem ser colocadas na máquina de lavar ou então higienizadas em um balde com 4 colheres de sopa de detergente por litro de água. Como o vírus é uma bolinha de gordura, ele não resiste a ação do sabão ou detergente. Adicione também uma colher de bicarbonato para facilitar a limpeza. Depois, é só enxaguar, secar e passar. O uso do ferro é sempre um reforço a mais para a eliminação de micro-organismos.
Expr.: Existe uma forma segura para retirar a máscara?
Dr. Bactéria: A técnica é simples. Passe álcool em gel nas mãos e pegue pelo elástico. Em seguida, guarde-a em um saco plástico para higienizar mais tarde. Passe álcool em gel novamente nas mãos e segure pelo elástico para fazer a troca pela máscara nova.
