Musical em cordel faz releitura de O Mágico de Oz

Inspirado na célebre obra de Frank Baum, O Mágico di Ó narra a divertida saga de retirantes nordestinos a caminho da cidade de São Paulo

Mágico de Ó

Um local sem chuva e esperança, de onde um grupo de nordestinos sai rumo à São Paulo em busca de uma vida melhor. Esse é o ponto de partida do musical infantil O Mágico di Ó, em cartaz no Sesc Consolação até 14 de dezembro. Versão em cordel do clássico O Mágico de Oz, o musical idealizado por Vitor Rocha e Luiza Porto trata de temas como lar, partidas e mudanças de pontos de vista.

O Mágico di Ó traz um olhar abrasileirado dos personagens do clássico e narra a história de Dorotéia, uma menina que não queria deixar sua casa no Nordeste, mas sem poder de escolha, embarca em um pau-de-arara junto com seus tios e outros retirantes em direção à capital paulista.

Mágico de Ó

Logo no início da viagem, o cordelista e versador Osvaldo passa a integrar o grupo de migrantes. Como recompensa pelo lugar no caminhão, ele se propõe a contar uma história, distraindo os companheiros de viagem e estimulando a imaginação de Dorotéia, que pede que seja narrada uma história real. A partir daí, realidade e fantasia se misturam na versão do cordelista, cujo enredo é a trajetória até São Paulo.

No texto, escrito pelo dramaturgo Vitor Rocha, os personagens são humanizados e ganham novos propósitos. Dorotéia deseja levar chuva para sua terra e ver um arco-íris cruzar o Cariri. O Mamulengo não tem um cérebro, por isso é ignorante e se acha o melhor espantalho do mundo. O Cabra-de-Lata não tem coração e, por ter visto muita tristeza em suas terras, não quer ter um. O Leão é folgado, encostado e lhe falta coragem para fazer as coisas e tomar uma atitude. A partir do momento que os três se tornam companheiros de viagem de Dorotéia, os objetivos de vida deles se transformam: o Mamulengo quer um cérebro, o Cabra, um coração e o Leão, coragem.

O espetáculo usa a tradição nordestina para falar do lar, fugindo da premissa da seca, que permeia as histórias que envolvem a região, e tem a despedida como mote. A evolução dos personagens ao longo da narrativa mostra que é possível ter novos pontos de vista dentro de uma trajetória, dando um novo significado para as situações.

Mágico de Ó

REFERÊNCIAS

Para construir O Mágico di Ó, os idealizadores se inspiraram em grandes mestres nordestinos como Graciliano Ramos, Ariano Suassuna, João Cabral de Melo Neto e na obra literária Terra de Cabinha, de Gabriela Romeu, além de se dedicarem aos estudos sobre a literatura de cordel. Em suma, o musical é uma forma de agradecer a todos os artistas nordestinos e a todas as pessoas que ajudaram a construir o Brasil.

VERSÃO PARA O CINEMA

O cineasta Pedro Vasconcelos (Dona Flor e Seus Dois Maridos e Hoje é Dia de Maria) se encantou tanto com o espetáculo que decidiu transformá-lo num longa-metragem. “Depois de assistir apenas 15 minutos da peça, percebi que ali estava um grande material para um filme” conta o diretor, que no mesmo dia fez o convite a Vitor Rocha. As gravações já aconteceram e a estreia está prevista para o primeiro semestre de 2020.

SERVIÇO

O MÁGICO DI Ó
De 9/11 a 14/12, sábados, às 11h
Local: Teatro Anchieta (280 lugares)
Rua Dr. Vila Nova, 245, Vila Buarque, São Paulo
Duração: 80 minutos
Livre
GRÁTIS PARA CRIANÇAS ATÉ 12 ANOS
R$ 6 (Credencial Plena) l R$ 10 (meia-entrada) l R$ 20 (inteira)