Do teatro para o cinema, e do cinema para os livros, a atriz, diretora e roteirista Leona Cavalli, transita muito bem por muitas áreas e sempre foi conhecida por sua versatilidade e desempenho na atuação. Responsável por dar vida a grandes sucessos como Gladys na recente ‘Terra e Paixão’ (Rede Globo) e Íris Abravanel, em ‘O Rei da TV’ (StarPlus), produção que lhe rendeu uma indicação ao Prêmio Emmy da televisão. Agora se prepara para interpretar grandes atrizes do teatro nacional na peça ‘Ser Artista’, com direção de Beth Goulart. Além disso, a musa está com um livro em andamento, Leona contou à Expressão como concilia suas diversas facetas artísticas, sem deixar de lado os cuidados com a saúde e o corpo. Confira:

Expressão: Atualmente você está trabalhando na peça ‘Ser Artista’ que vai estrear em março deste ano, onde interpreta algumas das nossas grandes atrizes, em uma homenagem ao teatro brasileiro. Como tem sido a preparação e os ensaios para essa grande estreia?
Leona Cavalli: Os ensaios da peça têm sido maravilhosos, e ao mesmo tempo bastante exigentes, porque essas atrizes tem um universo muito rico, muito extenso! É um prazer mergulhar, na vida de cada uma delas, a peça estreia dia 06 de março no Teatro dos Quatro, comigo e com o Anderson Müller, e a direção de Beth Goulart. É inspirada no livro ‘Ser Artista’ do Marcus Montenegro e autoria da Regiana Antonini.

Exp.: O que essa produção representa para você em relação a sua carreira?
L.C.: Fazer essa peça é um momento muito especial, um marco! Porque são atrizes que eu e o Brasil inteiro sempre amamos.

Exp.: Recentemente interpretou a Gladys em ‘Terra e Paixão’ (Rede Globo), como foi dar vida a essa personagem tão icônica? Teve alguma cena que te marcou?
L.C.: Adorei fazer a Gladys, foi muito divertido e ao mesmo tempo emocionante! A personagem passou por várias transformações e fases durante a novela. É uma personagem que existe, muito humana! Em todos os grupos sociais tem uma Gladys. As pessoas se identificaram muito, recebi muito retorno do público, de mulheres que se identificavam, tanto pelas loucuras emocionais, sexuais e sociais dela, como pelo momento em que ela se transformou e conseguiu romper com o casamento de fachada que ela vivia e realmente ter uma relação de amor verdadeiro. Acho que o momento mais marcante para mim foi justamente quando ela conseguiu se transformar, sair daquele casamento falido que ela vivia e apostar no desconhecido, em um novo amor!

Expr.: Você interpretou Íris Abravanel na minissérie ‘O Rei da TV’ (StarPlus). Como foi para você participar dessa produção? Teve algo que te surpreendeu na história?
L.C.: A série foi um momento muito marcante para mim! Porque foi gravada durante a pandemia e teve uma repercussão muito grande, a série é um sucesso nacional e internacional! Inclusive eu fui indicada ao prêmio Emmy, pela interpretação da Íris Abravanel. Foi surpreendente essa repercussão imensa que a série está tendo até hoje, ela conta um pouco da história da TV brasileira, não só a história do Silvio Santos, mas sim como a partir dele, iniciou-se toda a trajetória dessa paixão nacional que é a televisão.

Exp.: Participou de grandes produções de novelas, dentre elas ‘Totalmente Demais’ (Rede Globo), interpretando Gilda, que acaba tendo um final feliz e surpreendente. Ao longo da sua trajetória teve alguma história de personagem que te marcou mais?
L.C.: Muitas foram marcantes, tenho tido sorte em trabalhar com grandes autores e diretores e fazer personagens maravilhosas com muita identificação do público. “Totalmente demais” foi uma dessas personagens, foi uma novela que fez sucesso quando foi feita e depois quando reprisou também. E ao mesmo tempo para mim como atriz foi um desafio, porque a personagem sofria de violência doméstica, que é uma questão infelizmente muito mais comum do que a gente imagina, né? Na época, houve da produção uma pesquisa e deu que em mais de 50% das famílias brasileiras isso acontece, então é bom quando a novela consegue trazer essa força social, de falar de questões que existem, ‘Terra e paixão’ também foi assim! Eu tenho feito muitas personagens que chegam no público, é difícil citar uma só.

Exp.: Você foi aclamada pela crítica após o seu papel em ‘Um Céu de Estrelas’ uma grande produção cinematográfica de Tata Amaral, quais foram os maiores desafios que você enfrentou para dar vida à cabeleireira Dalva?
L.C.: Foi o meu primeiro filme, o desafio inicial foi justamente porque eu nunca tinha feito cinema. A Tata Amaral me chamou porque me viu no teatro, eu não fiz nem teste para o longa-metragem, era um papel extremamente exigente! Mas foi um encontro com o cinema, um papel que até hoje é muito especial para mim, com esse papel eu fui indicada a vários prêmios, ganhei um internacional na Itália e dois aqui no Brasil. É um filme que marcou um momento do cinema brasileiro, foi considerado o melhor filme da década junto com Central do Brasil.

Exp.: No ano passado foi homenageada durante a 14ª edição do Festival Internacional de Cinema da Fronteira. Como foi esse momento e o que isso representou para você?
L.C.: Essa homenagem no Festival da Fronteira, foi emocionante, porque eu estava perto da minha família que mora até hoje no interior do Rio Grande do Sul. Me surpreendeu porque é um grande Festival Internacional, eu não conhecia e fui tão bem recebida com tanto carinho, por todas as pessoas e pelos realizadores que são ótimos, para mim foi uma honra essa homenagem.

Exp.: Você também trabalha como Diretora e roteirista, como é para você sair do papel de atriz e comandar uma super produção?
L.C.: Eu considero meu ofício principal, a atuação. Escrever, dirigir e produzir vem da minha atriz, mesmo que eu não esteja em cena. É a minha paixão principal, mas eu adoro dirigir e escrever, já escrevi dois livros, produção também. A produção no Brasil tem seus desafios, mas tudo que envolve a arte da interpretação, me interessa, me causa uma vontade de fazer e participar e ao mesmo tempo me ensina. Considero um grande aprendizado participar de uma produção inteira em qualquer uma das funções, é algo que me faz aprender muito sobre o ofício, sobre a arte e também sobre o ser humano.

Exp.: Também interpretou Frida Kahlo na peça ‘Frida y Diego’ (2015). Como foi para você representá-la?
L.C.: “Frida y Diego” é uma peça de Maria Adelaide de Amaral, uma grande autora, eu fiz séries dela na TV, nunca havia feito no teatro, uma autora maravilhosa! Direção do Eduardo Figueiredo, comigo e com o José Rubens Chachá. Foi um espetáculo de grande sucesso, nós ficamos três anos em cartaz. Retratou a vida de Frida Kahlo, uma grande pintora e artista revolucionária mexicana, e do marido dela Diego Rivera, dois artistas que fizeram história no mundo! Todo mundo conhece, de alguma forma, a imagem da Frida e as obras dela, foi um dos papeis mais marcantes e importantes que já fiz.

Exp.: Com quase 1 milhão de seguidores em seu Instagram, você tem sido muito elogiada por seus cliques. Você tem algum ritual de beleza indispensável em sua rotina?
L.C.: Eu cuido da minha saúde em primeiro lugar, acho que isso é o que traz todo o resto relacionado ao corpo, tudo vem de um bom cuidado com a saúde! Cuido da minha alimentação, eu sou vegetariana há muitos anos, tomo muita água e procuro estar sempre em contato com a natureza. Eu tenho um sitio e eu adoro cuidar das plantas, gosto de bichos. Sobretudo gosto de ter a alegria, alegria de viver que eu acho que traz a luz para todo o resto, todo o demais!

Exp.: Você tem algum projeto futuro em mente? Pode compartilhar conosco?
L.C.: Tem um monólogo que eu vou fazer agora no início do ano, “O Elogio da Loucura” de Erasmo de Roterdão, direção de Eduardo Figueiredo, no mesmo tempo em que faço “Ser Artista”. Tem uma coisa linda, que me deixa muito feliz, que é um teatro com meu nome, que vai ser inaugurado agora na Escola Nacional de Teatro! Tem meu terceiro livro que estou escrevendo, e um projeto de cinema “Acerca” do Rogério Gomes, o Papinha, a direção também é dele.