Erika Januza

“Como mulher negra, é uma luta diária mostrar que somos capazes, que merecemos respeito e igualdade na sociedade”.

A brilhante atriz Erika Januza, sempre chamou a atenção por sua bela aparência, tanto que levou o troféu em muitos concursos de beleza dos quais participou e em uma dessas ocasiões chegou a sofrer preconceito racial, relembra a atriz. Para conquistar seu espaço na carreira artística, enfrentou muitas dificuldades chegando até a pensar em desistir de ser modelo e atriz, ainda bem que não desistiu!
Após fazer um vídeo sobre sua trajetória de vida e planos profissionais, realizou testes de atuação e participou de um concurso, foi assim que ganhou o papel de protagonista da minissérie “Subúrbia” (Rede Globo) em 2012. Após receber a ligação do produtor de elenco da Globo, ficou muito emocionada, e viu sua vida mudar completamente. A minissérie fez sucesso e sua carreira decolou.
Sua primeira novela “Em Família” (Rede Globo), foi com Alice, uma jovem obcecada em descobrir a identidade de seu pai, visto que é fruto de um estupro que sua mãe, Neidinha, sofreu. Em outubro de 2017 voltou às novelas, em “O Outro Lado do Paraíso” (Rede Globo) onde interpretou outro papel de destaque, Raquel Oliveira, juíza incorruptível.
No ano de 2019, foi escalada para “Amor de Mãe” (Rede Globo) interpretando Marina, que sonhava em se tornar uma célebre jogadora de tênis, que enfrentava as lacunas sociais existentes na prática ainda elitizada desse esporte, além de estar em conflito com sua vida profissional e amorosa. A novela teve sua produção interrompida no início de 2020, em consequência da pandemia de COVID-19, e retomou as gravações em setembro do mesmo ano.


Também em 2020, estrelou a série da Globoplay, Arcanjo Renegado, como Sarah. No carnaval, estreou no posto de musa do Salgueiro. Na publicidade, se tornou embaixadora da Samsung no Brasil, e participou de ações publicitárias das grifes internacionais Dior e Louis Vuitton. Confira a entrevista na íntegra.

Expressão: Ganhou notoriedade nas telinhas no ano de 2012 quando protagonizou “Conceição” na minissérie “Subúrbia” (TV Globo). Como foi lidar com todo o sucesso?
Erika Januza: Eu gravei Subúrbia antes de ela estrear na TV. E ali me apaixonei pela atuação, algo totalmente novo pra mim. Foi um trabalho muito feliz mesmo. Entrar na série foi coisa do destino mesmo e de Deus. Fui fazer o teste achando que era para algo como modelo e, na verdade, era para a TV. Eu lidei bem com a repercussão da série. Foi mais alegria do que qualquer outra coisa. Era a mesma menina sonhadora, feliz por aquele presente que a vida me dava. Tenho meu pé muito no chão. Sempre tive e isso não mudou em mim. Não sou de ficar “boba”. Tinha feito um trabalho legal e estava pensando: “Ok, e qual é o próximo passo?” e “Será que vou ter que voltar pra meu antigo trabalho?”. Inclusive, ao sair, pedi para me deixarem as portas abertas. E eles deixaram. Mas não foi necessário. Logo recebi um convite para minha primeira novela, Em Familia, de Manoel Carlos. Comecei a estudar, a me preparar e, graças a Deus, não parei mais. Tudo o que venho conseguindo é fruto de muito trabalho, esforço e fé. Eu sempre trabalhei muito.

Expr.: Os atores estão o tempo todo participando de testes e você no início da carreira foi chamada para um processo seletivo de atuação, onde passou na frente de 2 mil candidatas e ganhou um papel num seriado. Também no início da carreira chegou a participar e vencer muitos concursos de beleza. Como é para você vivenciar essas situações?
E.J.: Eu sonhava em ser modelo. Mesmo! Eu participava de diversos concursos. E se não dava certo, não me abatia, nem desistia, procurava o próximo. Era a minha forma de me inserir nesse universo e correr atrás do meu sonho. Fiz muitos testes também. É algo que faz parte da profissão. Mas confesso que, hoje, eles me deixam mais nervosa, apesar de saber que fazem parte e são necessários. Mas é muito legal ser aprovada em um teste, a gente não pode desistir diante do não, porque ele também faz parte e muitas vezes te ensina. Eu demorei a acreditar quando soube que tinha passado para Subúrbia. Eu não costumo contar as minhas coisas antes de elas acontecerem. Deixo acontecer, firmar e aí depois eu conto.

Expr.: Sua primeira novela foi “Em família” (Rede Globo, 2014) onde interpretava Alice, uma jovem que foi fruto de um abuso sexual. Como foi chegar nessa trama com uma carga tão pesada?
E.J.: Em Família foi uma grande escola para mim, porque era a minha primeira novela. Foi ali que eu aprendi essa linguagem, a dinâmica de uma grande produção. É diferente o esquema da série, que eu gravei toda antes de ir ao ar, de uma novela, que é um trabalho diário. E foi legal porque a Alice tinha uma história interessante e que foi crescendo muito, uma história diferente do trabalho anterior. Foi um exercício muito gostoso como atriz.

Expr.: Em 2017 voltou às telinhas em “O Outro lado do Paraíso” dando vida a juíza incorruptível, Raquel. A trama abordava a temática do racismo, como foi fazer a personagem? Conte-nos é militante no enfrentamento dessa mazela social?
E.J.: Foi um grande presente do Walcyr Carrasco. Tenho sido bem feliz em meus personagens desde o início. Julia, uma caiçara no início e uma advogada no final em Sol Nascente, também foi muito importante pra mim. Essas possibilidades de ascensões, transformações são lindas e inspiradoras. Fiquei muito feliz de interpretar uma juíza e foi uma surpresa. Quando recebi o convite, só sabia da primeira fase dela. Só descobri depois durante uma leitura de elenco. Fiquei extremamente feliz e surpresa. Uma mulher forte, independente… Uma mulher negra. Importante demais a TV mostrar o negro em papéis como esse. Nós somos médicos, professores, juízes, doutores… Não somos apenas os empregados domésticos, as vezes sem trama, infelizmente. E é importante mostrar para os negros e para toda sociedade que nós podemos ser o que nós quisermos ser. E mais do que isso, os negros se verem representados na TV de outra forma. Foi um trabalho que me encheu de orgulho e satisfação, porque, como mulher negra, é uma luta diária mostrar que somos capazes, que merecemos respeito e igualdade na sociedade.

Expr.: Vamos falar sobre beleza! Você possui um cabelo admirado. Como é sua rotina de cuidados? Tem algum segredinho especial?
E.J.: Eu amo cuidar do meu cabelo, sempre tive essa rotina em todas as fases da vida. Aprendi com minha família. Faço hidratação, gosto de usar produtos para modelar os cachos e deixar eles mais bonitos. Gosto de experimentar visuais novos, possibilidades. Tenho um cuidado especial com os meus fios. E eu adoro esse tempo que eu tiro para cuidar deles. Cortei o cabelo curtinho e foi uma transformação na minha vida. Eu descobri a minha força e beleza num lugar diferente, sabe? E amei tanto esse visual e agora amando que ele está crescendo totalmente natural, diferente.

Expr.: Em 2020, estrelou a série da Globoplay, Arcanjo Renegado, mas com a quarentena interrompeu os trabalhos, como está enfrentando esse momento?
E.J.: Foi incrível fazer Arcanjo, a série de José Junior fez muito sucesso e onde vou me perguntam da segunda temporada. A quarentena foi bem triste pra todos, um período complicado e difícil, mas eu sei o privilégio que eu tive de poder ficar em casa. Muitas pessoas não tiveram essa oportunidade. Agora eu retomei já o trabalho, com todos os cuidados e protocolos necessários e confesso que estou bem rigorosa com os cuidados. Voltamos a gravar Amor de Mãe e finalizamos esse projeto tão especial, que foi feito respeitando vários protocolos e a trama não perdeu as possibilidades de afeto e emoção necessários para essa trama que fala tanto de amor.

Expr.: Adiante futuros projetos?
E.J.: Eu vou fazer a segunda temporada de Arcanjo Renegado. E já já poderei contar mais novidades! Já comecei a preparação de forma remota.