Fernanda Gentil

A apresentadora do “Se Joga” (Rede Globo), fala sobre a paixão pela carreira esportiva, a responsabilidade de ser uma influenciadora e o seu melhor papel: ser mãe

Fernanda Gentil

Quem não gostaria de ser amiga de Fernanda Gentil? Se você não gosta do estilo da apresentadora, saiba que é a minoria, a loira tem uma avalanche de seguidores nas redes sociais, só no Instagram são seis milhões. Uma de suas características marcantes é o seu jeito alegre e espontâneo, Fernanda tem o dom de fazer com quem à acompanha sentir-se como um amigo de longa data, tudo isso graças a sua facilidade com a comunicação. Sempre envolvida com o meio esportivo, foi graças ao seu trabalho de repórter na cobertura da Copa do Mundo no Brasil, em 2014, que acabou caindo nas graças do público.
A partir daí a carreira de Fernanda Gentil começou a crescer e em pouco tempo já estava como apresentadora do programa “Esporte Espetacular” (Rede Globo). Recentemente, resolveu que era hora de mudar e se desafiar, assumindo o comando da nova atração da Rede Globo, o programa “Se Joga”, ao lado de Érico Brás e Fabiana Karla. Se bem que para a jornalista desafios são bem-vindos, já que no ano passado, teve sua estreia como atriz no filme “Ela Disse, ele disse” (Globo Filmes) e agora está em cartaz com a sua peça “Sem cerimônia”.

Fernanda Gentil
Talvez esse seja um dos termos mais acertados para definir a carioca, uma pessoa sem cerimônia, sem medo de expor seus valores. No ano de 2016 assumiu o relacionamento com a jornalista Priscila Montandon e hoje ela é um símbolo de representatividade. “Eu aprendi que essa palavra salva vidas: “representatividade”. Milhares de brasileiros comemoram o fato de se enxergarem cada vez mais na televisão, nas revistas e nos jornais. Fico muito feliz por saber que represento gays, mulheres, amantes do esporte, jornalistas, mães e qualquer outro grupo de pessoas que se identificam com alguma característica minha”, compartilha a apresentadora. Mas dentre todos os tipos de papéis pelos quais podemos atribuí-la, o que ela mais têm orgulho é o de ser mãe. “Sou mãe do Gabriel (3) e madrinha do Lucas (11). E esse papel de educar que é diferente de criar – é o meu preferido, sem dúvida nenhuma.” Confira a entrevista na íntegra:

Expressão: Atualmente comanda o programa “Se Joga” (Rede Globo) ao lado de Érico Brás e Fabiana Karla. O programa ao vivo conta com a participação da plateia, a mistura de temas e, até apresentação de jogos interativos. Como é atuar com esse formato tão diferente do que já fez?
Fernanda Gentil: Tem sido um desafio muito gostoso, porque ao mesmo tempo em que mistura vários formatos que eu já fiz – com ao vivo, entrevistas e plateia – também me traz a novidade do assunto, sobre o qual eu nunca tinha falado – por exemplo moda, vida dos famosos e novelas. O “Se Joga” sem dúvida nenhuma já tem um lugar especial no meu coração por ser o primeiro projeto do qual participo no entretenimento.
Expr.: Seu início na TV teve maior evidência no ano de 2014, período de Copa do Mundo no Brasil, no qual se destacou como repórter, graças a sua participação na cobertura do evento. Depois houve uma crescente em sua carreira, tendo passado por programas como Globo Esporte e Esporte Espetacular (Rede Globo). Como foi participar dessas produções?
F.G: Uma realização. A cada cobertura, cada programa que eu apresentei, cada degrau que eu subi no esporte teve o gosto do sonho realizado. Foram os dez anos mais especiais e mais importantes até hoje na minha carreira. Mas eu vivo à base de desafios, e senti que tinha chegado a hora de me apresentar para mais um; sair da minha zona de conforto, experimentar novos formatos, temas e linguagem.
Expr.: Formada em jornalismo pela PUC-RJ, seu início na televisão sempre foi atrelado ao esporte. Desde o princípio, seguir nessa vertente era a sua primeira opção?
F.G: Sempre sonhei em trabalhar com esportes, e o jornalismo foi um meio que me encantou e que eu encarei como uma maneira de não me distanciar daquele ambiente que eu curtia tanto, que era o esporte. Desde o início da faculdade eu foquei muito no que eu queria e fiz cursos, especializações, acumulei contatos e corri muito atrás. Procurei trabalhar em várias áreas para descobrir, mesmo que pelo “não”, o que eu gostaria de fazer dentro do jornalismo esportivo.
Expr.: Pesquisas como o da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) retratam o assédio moral e sexual como reclamações recorrentes entre as jornalistas. Você que já ganhou o título Musa da Copa, vivenciou muito essa situação? Como lidou (a) com isso?
F.G: Já vivi momentos em que cruzei o campo com o time ganhando, aí era chamada de “gostosa”. Quando perdia, era “piranha”. Eu não computava como machismo, porque era algo tão comum, tão normal de acontecer. Acho que a gente já ligava um botão do tipo “tá no protocolo, faz parte.” Na época não era um assunto tão em pauta. Ainda bem que a gente está vendo as coisas mudarem.

Fernanda Gentil
Expr.: Sente falta de trabalhar com o jornalismo esportivo ou o entretenimento te conquistou de vez?
F.G: Me despedir do esporte foi especial e dolorido. Mas essa vida é feita de ciclos, e a gente precisa fechar um pra abrir o outro. Guardo o ciclo de dez anos no esporte em um lugar só pra ele, onde nenhuma outra experiência da minha vida vai entrar. Mas não me arrependo, era mesmo hora de partir para novos desafios.
Expr.: É uma mãezona declarada, sendo esse um dos seus lados mais inspiradores. Como é para você o fator “ser mãe”, principalmente de dois meninos Lucas (11) e Gabriel (3)?
F.G: Sou mãe do Gabriel e madrinha do Lucas. E esse papel de educar – que é diferente de criar – é o meu preferido, sem dúvida nenhuma. Não sou tão boa apresentadora, nem tão boa repórter, jornalista ou palestrante, como pelo menos me esforço para ser uma boa referência aos meninos. Espero ainda melhorar muito nesse papel, mas é o que me dá mais orgulho, me preenche, desafia e ensina mais. É o meu papel preferido nessa vida.
Expr.: Estreou como atriz no filme “Ela Disse, ele disse”, baseado na obra de mesmo nome de Talitha Rebouças. Como foi encarar esse novo desafio?
F.G: Foi maravilhoso! Saí do esporte para viver novos desafios, e o primeiro deles já é logo participar de um filme! Só a Thalita mesmo! Topei porque se for algo que possa me desenvolver como pessoa e me colocar num lugar diferente onde eu nunca estive, eu quero fazer. Isso sem contar com o clima muito gostoso e a equipe maravilhosa, o que me ajudou muito. Não tenho a menor experiência, mas me senti muito à vontade e isso faz toda a diferença.
Expr.: Ainda nas artes cênicas, sua peça “Fernanda Gentil – Sem cerimônia” tem recebido elogios. Qual a sua proposta principal ao decidir montar o show e como está sendo ter esse retorno do público?
F.G: “Sem Cerimônia” acabou sendo mais uma oportunidade para eu passar as mensagens que eu sempre quis passar e sempre tentei passar em redes sociais, rádio e TV. Só que agora, literalmente, em um palco diferente, que é o do teatro. Minha busca é incessante por esse contato com o público. O teatro é a menor distância que eu já vi entre mim e o público, isso pra mim dá uma adrenalina muito diferente, um desejo muito grande de fazer acontecer. Ter o texto de minha autoria e, portanto, ter responsabilidade pelas mensagens que eu estou passando, é maravilhoso. Eu nunca tinha feito um projeto assim, e agradeço muito por ter esbarrado com o Leo Fuchs nessa vida, porque ele virou meu grande parceiro para que esse projeto se realizasse. O retorno do público é o que me move para continuar com o “Sem Cerimônia”, sem ele não existiria peça. Sempre com muito carinho, sempre de maneira muito quente, muito próxima. A gente promove até uma corrente no final da peça. Quem foi sabe: é uma corrente do bem, com o único objetivo de ligar mais as pessoas mesmo sem se conhecerem. A maior prova de que estamos no caminho certo, e de que as pessoas estão também carentes desse sentimento, é que a corrente deu certo. Eu vejo nas redes sociais todo mundo postando e seguindo à risca o que a gente propõe na peça. As lágrimas e as gargalhadas só me indicam que realmente é uma receita que está dando certo. Fico muito feliz por isso.

Fernanda Gentil
Expr.: Graças a sua facilidade com a comunicação e carisma, cada vez mais o público se simpatiza com você. Sempre foi divertida assim? Além disso, suas redes sociais, a exemplo do Instagram, têm 6 milhões de seguidores, como se sente ao ser uma influenciadora?
F.G: A palavra influência é muito forte. Eu não me sinto capaz, nem com vontade de influenciar ninguém. No máximo posso inspirar, por uma questão ou outra, e me deixa feliz saber que alguma parte da minha história pode fazer bem para a história de outra pessoa. Mas não faço nada, não falo coisas e posto frases pensando em influenciar as pessoas, penso só em dividir sentimentos, lições de vida e algumas risadas também. Prefiro sempre falar em visibilidade e não em influência. A visibilidade que eu tenho hoje me ajuda a dar voz. E esse é um dos maiores legados dessa profissão “pública”: poder ajudar a jogar o holofote para as causas e as pessoas que precisam ser iluminadas. Eu só sigo a minha vida da maneira mais natural possível. Tudo o que faço tem como plano de fundo os meus princípios e valores. E se isso tem sido inspiração para algumas pessoas, me sinto honrada e fico muito feliz.
Expr.: Desde 2016 tem um relacionamento com a jornalista Priscila Montandon, a forma como o tornou público e encarou a repercussão midiática tem inspirado muitos admiradores. De certa forma, querendo ou não, concerne uma parcela da sociedade que ainda lida com o preconceito, como é ter essa representatividade?
F.G: Eu aprendi que essa palavra salva vidas: “representatividade”. Milhares de brasileiros comemoram o fato de se enxergarem cada vez mais na televisão, nas revistas e nos jornais. Fico muito feliz por saber que represento gays, mulheres, amantes do esporte, jornalistas, mães, e qualquer outro grupo de pessoas que se identificam com alguma característica minha. Graças a Deus eu hoje tenho uma boa visibilidade para que elas, mais do que se enxerguem, que se inspirem. Sei que a fama é uma fase, e com ela vai embora o alcance que a gente tem. Mas enquanto eu estiver conhecidinha, faço questão de alcançar o máximo de pessoas que eu conseguir, porque me ver na mídia hoje, pra muita gente, é ouvir uma voz ao pé do ouvido dizendo: “você também pode”.