Bianca Rinaldi

“Experimentar novos formatos de diálogos e atuação, com certeza, nos aprimora como pessoas e artistas. Considero muito valioso essas possibilidades de produção de conhecimento.”

A consagrada atriz Bianca Rinaldi está com um novo desafio em sua carreira, o de estrelar na comédia musical ‘Silvio Santos Vem Aí’, onde da vida a autora Iris Abravanel, é o primeiro musical da loira. “Dar vida a uma das mulheres e escritoras mais emblemática da televisão brasileira é algo muito gratificante e que tem trazido muito conhecimento e satisfação para minha vida”, explica.
Para quem não lembra Rinaldi é ex paquita da Xuxa. Essa inclusive é mais uma história de persistência na trajetória da paulista. Em 1989 participou da seleção para o cargo de “Paquita Paulista” do “Xou da Xuxa”, mas não foi aprovada, por não possuir a faixa etária requerida. Em 1990 ela concorreu novamente e foi condecorada vencedora, ganhando assim o título de “Xiquita Veinha”, permanecendo como assistente de palco da Xuxa por cinco anos.
Sua trajetória nas novelas veio em 1997, interpretando a professora de ginástica Úrsula na terceira temporada de “Malhação” (Globo). Logo depois, atuou em três produções do SBT: Chiquititas, Pícara Sonhadora e Pequena Travessa.
Em 2004 foi a vez de fazer sucesso na Record com o remake de “A Escrava Isaura”, a qual chegou a atingir o primeiro lugar na audiência em alguns capítulos. Logo depois foi protagonista das telenovelas: Prova de Amor, Caminhos do Coração, Os Mutantes e Ribeirão do Tempo, além de interpretar a antagonista na minissérie José do Egito.
No ano de 2013 saiu da emissora e, no ano seguinte, completou o elenco de “Em Família” na Rede Globo. Confira a entrevista completa:

Expressão: Seu mais recente trabalho é a comédia musical ‘Silvio Santos Vem Aí’, onde dá vida a autora Iris Abravanel, esposa de um dos maiores ícones da televisão brasileira. Como está sendo essa experiência?
Bianca Rinaldi: Esse é meu primeiro musical e eu, com certeza, não poderia estar mais feliz. Emilio Boechat e Maria Toledo, que escrevem o roteiro, são gênios do humor e, sendo assim, a peça está divertidíssima e com muitas partes que o público irá se surpreender. É uma experiência que vale a pena cada minuto de dedicação, porque estamos contando uma história com diversas nuances e que, inclusive, cantamos, o que é desafiador e lindo. As músicas são muito marcantes e vai dar uma saudade em todos que assistirem, sem contar no dueto de amor que Iris e Silvio cantam.
Expr.: Como é a sua relação com Silvio Santos?
B.R.: Ele é um homem admirável, estive algumas vezes, inclusive, em seus programas no SBT. Sou muito grata pelas oportunidades que me foram dadas, pois na emissora fiz minha primeira protagonista e outras novelas muito marcantes para meus fãs, para a dramaturgia brasileira e, claro, para mim como atriz e pessoa. Sempre levo como aprendizado cada momento que pude compartilhar ao lado deste grande homem da comunicação. Silvio é uma lenda viva e sempre muito generoso em nossas trocas.
Expr.: Como surgiu o convite para o musical?
B.R.: Os diretores já me conheciam de outros trabalhos e me convidaram para o teste, mas também passei por uma seleção, o que foi especial, pois pude conhecer muita gente talentosa. Mas, ao final dos testes, fui escolhida. Isso me alegrou muito porque eu sempre fui apaixonada por musicais, e fazer logo este é um marco em minha trajetória, algo que perdurará em minha memória e coração para sempre. Os desafios são muitos, porque temos adaptação ao palco, os ajustes de voz, muitos estudos em geral. Porém, a equipe e todo o elenco são muito competentes e tornam tudo isso um grande sonho.
Expr.: Para este projeto teve de se mudar do Rio de Janeiro para São Paulo, como foi essa mudança?
B.R.: Na verdade, essas duas questões acabaram calhando, acredita? Eu sempre gostei de São Paulo, mas não me imaginava por agora morando aqui, mas estou gostando muito. E claro é um facilitador para os ensaios e as próprias apresentações. Tem sido, de alguma forma, tudo novo. Grandes experiências também requerem grandes mudanças. Estou feliz e animada com o novo lar, novas histórias, novos lugares. Revigora!

Expr.: Quando surgiu o desejo em empreender no seu canal no YouTube, onde compartilha sua rotina e experiências com a maternidade e sobre a profissão de atriz?
B.R.: Eu sempre gostei de estar próxima do meu público, pois eles são minha base. Então além da plataforma possibilitar este contato, eu quis aproveitar para unirmos conhecimento. No meu canal eu falo sobre a fase da pré-adolescência, período em que eu mesma, quando fui vivenciando com minhas gêmeas, sentia falta de algumas informações e imagino que muitas mães e pais também. Por isso pensei em conteúdos que pudessem englobar este universo, sempre com questões importantes e que tenham um respaldo de algum profissional, como um psicólogo.
Isso credibiliza e expande nosso olhar. Acho que é uma maneira leve e didática de aprendermos mais.
Expr.: O que está achando desse novo formato de atuação?
B.R.: Estou adorando, e é ao mesmo tempo desafiador. Embora seja uma plataforma diferente das que estive habituada em minha carreira, a forma de comunicar é importante que seja natural, que você esteja ali inteiro e passando verdade. Porque o público sente isso e se identifica. Experimentar novos formatos de diálogos e atuação com certeza nos aprimora como pessoas e artistas. Considero muito valioso essas possibilidades de produção de conhecimento.
Expr.: Conte-nos mais sobre sua participação na web série “Home Office”, toda filmada com celular.
B.R.: Está demais! Faço a personagem Dora, que é uma apresentadora muito engraçada e um pouco sem filtro, mas uma delícia. Poder trabalhar de casa é bem prazeroso também, mas é um desafio. Tudo precisa ser bem pensado e batemos isso em equipe, ou seja, o melhor ângulo, enquadramento, luz, cenário, figurino, trejeitos, tom de voz e por aí vai uma infinitude de detalhes que estamos atentos para que as gravações passem a mensagem que desejamos. É uma série de humor e que tem cativado muitas pessoas. Estou muito feliz por esse projeto, que também tem roteiro dos mesmos escritores do musical. Então estamos familiarizados e muito empolgados.
Expr.: Começou na TV aos 15 anos, no programa Xou da Xuxa (Globo) onde ficou durante cinco anos como Paquita. Como foi essa época? Qual a sua relação com a Xuxa?
B.R.: Foi uma época mágica e de muito aprendizado. Ali, ao lado da Xuxa, eu sentia que este era o meu caminho. Eu iria querer viver de arte e estudar cada dia mais. E assim foi feito e é até hoje. Tínhamos muita disciplina e comprometimento com o trabalho, o que gerou resultados muito bacanas. As experiências vividas nesta época, tanto no programa, quanto nas viagens, em tudo, foi muito gratificante. Minha relação com Xuxa é ótima, nos falamos até hoje e ela é uma querida, adora minhas filhas. Gratidão por essa amizade.

Expr.: Também participou da radionovela ‘Bollagattos’, da Blá FM. Na trama, da qual é a protagonista, conta-se a história dos Bollagattos, grupo que liderou o crime no Rio de Janeiro de 1945. É uma desconstrução de um dos principais clássicos do cinema mundial, “O Poderoso Chefão”, sobre a máfia italiana, mas, agora, quem está na chefia são as mulheres. Como foi a experiência de entrar para a área de radionovelas?
B.R.: Foi lindo demais! As radionovelas são um clássico na nossa história. Foram elas as pioneiras para muitas coisas que temos hoje, o que é bem especial. É uma forma de produção diferente, mas com igual alegria. Porque a radionovela intriga pela forma como é contada, escutada. Cria-se um mistério e te prende por querer decifrar e imaginar o que realmente acontece atrás das vozes. Foi um trabalhar bem bacana e que sinto saudades!
Expr.: Como está sendo a experiência da quarentena com sua família e a efervescência de tantos projetos em multicanais?
B.R.: Está sendo gratificante, apesar deste momento tão desafiador que o mundo enfrenta. Organizar toda a rotina é outro desafio, mas temos conseguido. Minhas filhas se organizam bem e eu estou sempre por perto auxiliando. Então há espaço pra tudo, pro lazer, estudo, trabalho. É especial poder fazer arte num período sensível e de incertezas, mas que, assim espero, nos trará alguma evolução como seres humanos.
Expr.: Como faz para manter-se sempre bela? É vaidosa? O que gosta de fazer para cuidar do corpo e mente?
B.R.: Eu sou apaixonada por meditação transcendental, pois acredito que é uma forma de conexão profunda com nossas verdades e com o que acreditamos. Nossa essência deve ser ouvida, e ao silenciar conseguimos isso. Gosto bastante de ir à academia, mas neste período busco me exercitar em casa mesmo. Penso também que nosso exterior é muito reflexo do interior. É importante nos atentar a isso para termos corpo e mente saudáveis.
Expr.: Nossa edição é especial de Dia dos Pais, conte-nos como é a sua relação com o seu?
B.R.: Sobre meu pai, biológico, o conheci aos 26 anos. Uma relação de respeito e amor é o que nos mantém unidos, mesmo não nos vendo sempre.